Clima seco favorece surtos de conjuntivite

Zé Felipe contrai doença da filha e acende alerta para aumento dos casos durante o outono e inverno

O cantor Zé Felipe apareceu em suas redes sociais com os olhos inchados e vermelhos por causa de uma conjuntivite. Sua filha do meio, Maria Flor, havia sido diagnosticada com o mesmo problema dias antes. A doença, que é uma inflamação da conjuntiva, uma membrana que reveste a parte interna das pálpebras e a parte branca do olho, é altamente contagiosa e tem maior incidência nas estações de clima mais seco, como o outono e inverno.

 

No Espírito Santo, os números confirmam o alerta: o Hospital de Olhos Vitória (HOV) registrou mais de 5 mil casos de conjuntivite em 2024, sendo que, somente entre os meses mais secos , de junho a setembro (outono e inverno), foram 2.257 ocorrências. Já no primeiro trimestre de 2025, que abrange o verão, foram 609 casos.

 

A diferença reforça a relação entre o clima e a incidência da doença: a conjuntivite viral, mais comum no outono e inverno, é altamente contagiosa e costuma ocorrer em surtos, favorecida pelo clima seco, maior presença de poluentes no ar e permanência em ambientes fechados. Já no verão e na primavera, é mais frequente a conjuntivite alérgica, provocada por agentes como pólen, poeira, cloro de piscina e outros alérgenos, menos contagiosa, mas igualmente incômoda.

 

O oftalmologista do HOV, Pedro Trés Vieira Gomes, explica que o aumento nos períodos mais frios está diretamente ligado a baixa umidade do ar. “O clima seco reduz a lubrificação natural dos olhos e eleva a concentração de poluentes no ar,  o que favorece a manifestação de doenças oculares como a conjuntivite. Além disso, é comum que as pessoas permaneçam mais tempo em locais fechados e com pouca ventilação, o que facilita a transmissão, especialmente da forma viral”, explica.

 

A conjuntivite pode ser alérgica, bacteriana ou viral, sendo essa última a mais comum e contagiosa. Entre os sintomas estão olhos vermelhos e lacrimejantes, coceira, sensação de areia nos olhos, secreção, inchaço das pálpebras e sensibilidade à luz.

 

Como o contágio ocorre principalmente por meio do contato com as secreções oculares, a higiene é a melhor forma de prevenção. “Evitar coçar os olhos, lavar as mãos com frequência, não compartilhar toalhas, maquiagens ou colírios, e evitar ambientes fechados e com aglomerações são medidas fundamentais para reduzir o risco de contágio”, orienta Pedro.

 

O tratamento depende do tipo de conjuntivite e pode envolver o uso de colírios específicos, soro fisiológico para higienização e suspensão do  uso de lentes de contato. “Caso sinta qualquer sintoma, é essencial procurar um oftalmologista para iniciar o tratamento adequado. O paciente não deve se automedicar, pois existem colírios contraindicados que podem agravar o quadro e até comprometer a saúde ocular”, orienta o médico.

 

Conheça os tipos mais comuns de conjuntivite

Conjuntivite Viral

Maior incidência no outono e inverno

  • Clima seco: menos lubrificação ocular
  • Ar com mais poluentes e partículas irritantes
  • Ambientes fechados e pouca ventilação
  • Contato mais próximo entre pessoas
  • Altamente contagiosa e comum em surtos

 

Conjuntivite Alérgica

Maior incidência na primavera e verão

  • Aumento de polén no ar
  • Poeira, ácaros, poluição, cloro de piscinas
  • Maior exposição a agentes alérgenos

 

Conjuntivite Bacteriana

Pode ocorrer o ano todo, muitas vezes como complicação de outros quadros, como conjuntivite viral ou trauma ocular

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