No dia 21 de março é comemorado o Dia internacional da Síndrome de Down, uma condição genética que, além de comprometer a parte cognitiva, pode coexistir com diferentes comorbidades. Dentre elas, alterações oculares que precisam de diagnóstico e tratamento precoce.
Esta síndrome é caracterizada pela presença de três cromossomos 21 nas células dos indivíduos, ao invés de dois. A médica oftalmologista do Hospital de Olhos de Vitória Yessa Vervloet explica que a alteração genética afeta o desenvolvimento e a estrutura de várias partes do corpo, incluindo os olhos. “A anatomia ocular também é alterada, o que acaba predispondo estas pessoas a uma série de problemas visuais”.
Os distúrbios oculares geralmente são os mesmos que ocorrem em qualquer outro indivíduo. Eles somente tendem a acontecer com mais frequência e, às vezes, de uma forma mais acentuada.
Um dos problemas mais incidentes nessas pessoas, segundo a especialista, são as ametropias. “É comum que eles tenham mais problemas como miopia, hipermetropia e astigmatismo”, declara a médica.
A hipotonia muscular, isto é, os músculos mais fracos das pessoas com síndrome de down também é outro fator que leva a dificuldades visuais mais frequentes. “Pela hipotonia, esses pacientes podem ter dificuldade na visão de perto, pois o foco nessa distância depende muito da força do músculo intra-ocular”, ressalta a oftalmologista.
Outro distúrbio comum é a catarata, que pode estar presente ao nascimento ou se desenvolver nos primeiros anos de vida. “A catarata, apesar de ser uma doença muito conhecida em idosos, também pode acontecer na infância, e essa forma tem uma incidência maior em pacientes com síndrome de Down. É necessário uma cirurgia imediata para impedir problemas maiores”.
Além disso, outras doenças potencialmente graves, como estrabismo e ceratocone, também são mais frequentes nesses pacientes.
Cuidados
Devido a outras comorbidades, os responsáveis pelas crianças síndrome de down por vezes acabam ignorando as idas ao oftalmologista, mas a médica faz o alerta: “As consultas oftalmológicas para essas pessoas são tão importantes como qualquer outra consulta. Os olhos precisam de uma atenção redobrada, especialmente porque se as alterações forem diagnosticadas a tempo, o tratamento em geral tem bons resultados e impacta diretamente na qualidade de vida desses pacientes”.