No Dia Mundial da Diabetes, oftalmologista dá dicas de cuidado com a saúde ocular para quem tem a doença

O que é retinopatia diabética e como o diabetes pode levar à perda da visão

O “açúcar alto” no sangue é a preocupação mais comum para quem tem diabetes. No entanto, o perigo maior pode estar onde menos se espera: a doença avança silenciosamente sobre os olhos e pode levar à cegueira permanente.

Neste mês de novembro, dedicado à conscientização sobre o diabetes, e com o Dia Mundial da doença celebrado em 14 de novembro, os dados do Espírito Santo acendem um alerta: quase 1.200 capixabas buscaram tratamento para retinopatia diabética no Hospital de Olhos de Vitória (HOV) entre 2024 e 2025.

De janeiro a dezembro de 2024, foram 717 pacientes com diagnóstico confirmado. Apenas nos nove primeiros meses de 2025, outros 480 casos já foram registrados. A retinopatia diabética, doença causada pelo excesso de glicose no sangue que danifica os vasos da retina, é uma das principais causas de cegueira evitável no mundo — e vem crescendo em todo o país.

 

Doença silenciosa que dá poucos sinais

“A grande armadilha da retinopatia diabética é o silêncio. O paciente pode ter a visão perfeita e, mesmo assim, a retina já estar sofrendo danos”, explica o oftalmologista Renato Vieira Gomes, especialista em retina e vítreo do Hospital de Olhos de Vitória.

Segundo o médico, o diabetes provoca alterações nos vasos sanguíneos da retina, que passam a vazar sangue e líquido, comprometendo a formação das imagens.

“Quando o paciente percebe embaçamento, manchas escuras ou perda de nitidez, o problema já pode estar em estágio avançado. O ideal é detectar antes disso”, reforça.

 

Controlar o açúcar protege a visão

Manter os níveis de glicose sob controle é a principal forma de prevenir o avanço da doença. “O bom controle glicêmico reduz drasticamente o risco e a progressão das lesões”, afirma o Dr. Renato.

Ele ressalta que pressão arterial e colesterol também devem ser monitorados. “Esses fatores, quando descompensados, aceleram o desgaste dos vasos da retina. O cuidado precisa ser integral.”

 

Quando procurar o oftalmologista

Mesmo sem sintomas, toda pessoa com diabetes deve fazer avaliação oftalmológica pelo menos uma vez por ano, ou conforme recomendação do médico. Em alguns casos, o acompanhamento deve ser semestral.

 

Os principais sinais de alerta incluem:
  • visão embaçada ou borrada;
  • dificuldade para enxergar à noite;
  • pontos escuros (“moscas volantes”);
  • percepção de manchas no campo de visão.

“O exame de fundo de olho permite enxergar o que o paciente ainda não sente. Ele mostra o estado dos vasos da retina e pode detectar alterações logo no início”, explica o especialista.

 

Danos podem ser revertidos?

Nem sempre. Lesões leves podem ser controladas e estabilizadas com acompanhamento clínico e tratamento adequado, mas quadros mais avançados podem exigir aplicações intravítreas, laser ou cirurgias.

“Nosso objetivo é preservar o máximo possível da visão. Infelizmente, muitos chegam quando o dano já é irreversível. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental”, ressalta o Dr. Renato Vieira Gomes.

 

Panorama do diabetes no Espírito Santo

Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) indicam que 9,6% dos adultos capixabas têm diabetes — o equivalente a cerca de 368 mil pessoas, sendo 90% com o tipo 2 (associado a estilo de vida e envelhecimento) e 10% com o tipo 1 (de origem autoimune).

A International Diabetes Federation (IDF) estima ainda que o Brasil seja o terceiro país do mundo com mais casos de diabetes tipo 1 em crianças e adolescentes. No Espírito Santo, são cerca de 1,7 mil jovens com a doença.

 

Novembro é mês de cuidar do corpo — e da visão

Tradicionalmente ligado à prevenção do câncer de próstata, o Novembro Azul também é um convite à conscientização sobre o diabetes e suas complicações oculares. “Os olhos precisam de tanta atenção quanto o corpo. Cuidar do diabetes é cuidar da visão”, resume o Dr. Renato Vieira Gomes.

Neste mês, o Hospital de Olhos de Vitória reforça a importância da prevenção e do acompanhamento médico regular — atitudes simples que podem significar a diferença entre enxergar o futuro ou perdê-lo de vista.

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